Cultura Pirata

Copia Originale, by Torephoto
Há algumas semanas atrás, conversava com alguns amigos a respeito de igreja emergente e a cultura da igreja. Um dos caras apresentou sua preocupação a respeito do quanto a igreja em boa parte das vezes está atrás da cultura acabando em copiar o que a cultura apresenta ao invés de direcionar ou liderar nesse aspecto cultural, ele nos colocou exemplos na música bastante concludentes.
Aí comecei a pensar: Se para evangelizar devemos entrar em outras culturas, como fazê-lo de forma relevante?
Começando com Paulo (em I Co 9:19-23 NIV , não deixe de dar uma olhada em como Eugene Peterson interpretou essa mensagem no The Message)
começamos a pensar a respeito de estratégias em alcançar pessoas de outras culturas, e, para ser efetivo nessa estratégia, começamos a formular um tipo de estratégia missionária:

  • vamos onde podemos entender a outra cultura,

  • pegamos aquilo que é relevante para eles,

  • aplicamos a mensagem aos elementos culturais levantados

  • lançamos esforços em apresentar o Evangelho a cultura com os elementos culturais levantados a fim de que as pessoas entendam nossa mensagem,

  • não é isso?
    Parece que não é o suficiente! Essa lista pode estar resumida demais quando colocamos as lentes para examinar esse processo. As coisas não parecem ser tão simples. O negócio então é como levantar os elementos culturais para nos tornarmos relevantes à cultura?
    E a resposta veio quando pude diferenciar entre copiar elementos culturais e mergulhar na cultura.
    Um colega queria atuar em um bairro daqui de São Paulo e sugeriu que deveríamos aprender um pouco de pagode para cantar pra turma, o problema era que não gostávamos (nem sou nada chegado) de pagode, se a gente começasse a ensaiar ou compusesse alguns pagodinhos acho que seria um desastre, principalmente porque faltaria autenticidade nessa música.
    E esse é o grande ingrediente que faz a diferença quando pensamos a respeito de relevância, acho que estragamos muita coisa quando fomos às pessoas para evangelizar pensando neles como alvos abordando-os com segundas intenções. Aqui está o grande perigo do evangelismo de amizade, porque você pensa primeiro em evangelizar e mostra todos os seus pontos bons para que seu amigo se impressione e aceite o evangelho. Aqui está uma grande mostra da falta de autenticidade, e depois, o que você faria se ele não aceitasse a Cristo? Você o abandonaria a fim de se dedicar a outro "alvo"?
    Infelizmente, esse tipo de enfoque urgente nos faz meio piratas com música pirata, amizade pirata e cultura pirata. A música não é real, é nossa música em outro estilo, a arte não é real, é mensagem sem a substância.
    Nessa conversa, o Pastor Sandro Baggio citou Francis Shaeffer quando falou que infelizmente, a igreja tem sido muito utilitária no uso da arte fazendo faltar a tão necessária autenticidade. Arte é expressão, não estratégia.
    Tenho aprendido que mergulhar na cultura requer um trabalho bem mais duro que copiar elementos da cultura. Em um enfoque mais autêntico, precisamos circular entre as pessoas, aprender com eles, interessar neles e apresentar a diferença de Cristo, que se aplica a toda cultura.

    Publicado originalmente no Dream Awakener

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