Medo

Foto por Steve Troy
Agora que estamos todos de volta, lembro que passamos a primeira semana de meu filho com medo, como ele teve alguns problemas com a respiração, ele precisou passar mais alguns dias na UTI. Enquanto esperávamos por resultados de exames eu tive medo. Medo de ter que batalhar por sua saúde e sofrimento nesta jornada
Depois de ouvir muita coisa a respeito de sofrimento e como aprendemos desse modo, eu não pude deixar de temer, falei com Deus que se tivesse que aprender mais algo por sofrimento, se houvesse alguma outra forma de aprendê-lo eu me esforçaria mais em ser uma pessoa melhor mas evitaria tudo por mais sofrimento. Nesses dias eu me via farto daquilo mesmo que Larry Crabb e Philip Yancey tem escrito bastante. Ensinos excelentes que faria de tudo para não ter que passar.
Não pudemos evitar voltar para casa sem o nenê, e não pudemos evitar de frequentar o hospital por mais alguns dias, minha esposa também não desejava esta situação e lamentou muito isso. No meio de tudo, pude refletir que mesmo no meu trabalho, eu tenho recebido tarefas que não gosto muito, mesmo assim daria meu melhor para fazê-las pelo menos para me livrar delas. Agora que estávamos naquela situação, o melhor que deveriamos fazer é desfrutar dela.
Encontramos pais muito bons que tinham que fazer o mesmo por seus recém-nascidos e teriam que fazê-lo por mais dias pois os nenês estavam longe de estar prontos para voltar para casa. Foi mais uma oportunidade para nos identificarmos com a dor deles e amá-los.
Conheço uma música de I João 4:18 que fala que o perfeito amor lança fora todo o medo, lendo todo o versículo tenho uma visão melhor disso:

No amor não há medo; ao contrário o perfeito amor expulsa o medo, porque o medo supõe castigo. Aquele que tem medo não está aperfeiçoado no amor.

Quanto mais conhecemos a Deus, mais nos alegramos em sua vontade seja ela qual for. Quão mais O conhecemos, mais confiamos nele e menos temos medo. Quanto mais conhecemos o amor de Deus, mais sabemos que somos colocados em certas situações... para amar.
As vezes, boas explicações a respeito de sofrimento e aprendizagem não me satisfazem, acho que estas palavras caem melhor no meio de todo o problema, mas nesse caso, conhecer o amor de Deus e como podemos confiar NEle em toda situação me fez sentir preparado para viver e esperar NEle.
Como o texto falou, meu medo deixou claro que não estou aperfeiçoado no amor, mas estou contente em conhecer o amor de Deus nesta situação e pela oportunidade em mostrar do seu amor para outros.

3 comentários:

Ser comunidade...
Foi nisso que pensei nos poucos dias em que passamos na UTI neonatal da ProMatre, semana passada.
É interessante como pessoas diferentes, com pensamentos diferentes, acabam unindo-se em um sentimento (no caso, a recuperação dos filhos e o conforto mútuo). E como a espiritualidade surge (ou ressurge) para alguns.
Uma das conversas que ouvi, por exemplo, era de uma mãe dizendo que a primeira coisa que iria fazer ao sair com seu filho, era batizá-lo, escolher uma boa madrinha, etc.
Na ProMatre há uma pasta com fotos de prematuros, no início do tratamento e após alguns anos, além de cartas, e-mails e depoimentos de pais, como forma de incentivo para os que estavam chegando, em meio ao desespero inicial. Ali é perceptível a importância desta "comunidade" que nasceu da dor.
Penso que em nos nossos modelos de "comunidade", queremos evitar a dor, em todos os níveis. Para celebrar, por exemplo, queremos um local aconchegante, acolhedor... Queremos um som nem alto nem baixo e, de preferência, alguém para cuidar dos filhos.
Para completar, um lugar onde o nível sócio-econômico seja homogêneo e os ideais e sonhos semelhantes.
Estou lendo outro livro de Philip Yancey sobre a igreja "ideal": "Igreja... Por quê me importar?". Nele, Yancey destaca a importância da pluralidade, das diferenças, da unidade em meio da diversidade...
Será que a igreja brasileira (em um país de tantas desigualdades) espelha este modelo de comunidade?
Bom, desculpe fugir um pouco do assunto do post, mas foi algo que veio a minha mente a partir desta nossa experiência.
Grande abraço!

9:57 PM  

Obrigado pela reflexão, não creio que a igreja (seja ela de onde for) no geral reflita esse tipo de diversidade, e também não sei como ela conseguiria atingir essa situação intencionalmente. Acho que essa situação está mais para consequência do que para causa, quer dizer, estamos todos crescendo e de repente o Espirito Santo coloca a comunidade em uma situação que irá refletir uma diversidade maior que as outras. Mas não acho que as igrejas deviam se sentir culpadas disso. Afinal, eu também quero um lugar bem conveniente para mim, pare meus filhos e para que tenha condições de levar meus amigos para conhecer Jesus. E isso é o começo, como partimos, o importante é estarmos sensíveis ao que o Espírito Santo sinalizará ao longo da jornada.

9:48 AM  

Luis Fernando,
seu blogger tem sido parada obrigatória para mim. Gosto de suas reflexões e dos livros que lê. Talvez por serem o tipo de leitura que gosto e sou inspirada a fazer pelo meu pastor na Ágape. O tema em reflexão é preocupante quando vemos a relidade de nossas igrejas, mas o fato de atentarmos para ele é o começo.
Aproveito para parabenizar pelo bebê. Que Deus possa abençoá-los como família.
Abraços,
Míria

2:12 PM  

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