Uma coisa bem interessante que acompanhei no ReImagine, foi uma discussão a respeito do que significa obedecer a Jesus quando você investe em alguma empresa (coisa mais comum nos Estados Unidos) ou quando você compra algum produto, eles buscavam observar que tipo de empresas trabalhavam de forma justa, isto é, não usufruiam de trabalho escravo, trabalho infantil ou degradavam o meio ambiente no seu processo produtivo. É o que vi em um de seus informes que era ir além da crítica, algo não tão simples, pois tem várias implicações práticas, mas que para mim pareceu ainda muito mais inteligente que as propostas de se condenar o sistema econômico mundial, ou juntar os cristãos economistas para criarem um plano econômico cristão ou ir para as ruas de forma profética para protestar contra a ganância.
A comunidade deve terminar um documento em breve com suas opiniões a respeito do que eles acham que obedecer a Jesus significaria em termos práticos no dia a dia. Não seriam normas para definir quem estava desobedecendo a Jesus, mas seriam recomendações, pois sabemos o quanto ainda é difícil encontrar produtos e serviços totalmente livres de procedimentos não éticos.
Em uma boa conversa que tive com o Sandro Baggio hoje, ele lembrou que nem precisamos ir tão longe para verificar o que deixaríamos de comprar aqui, bastaria ver o fato que a maioria das grandes lojas dos shoppings hoje tiram um bom proveito do trabalho escravo boliviano. Em sua comunidade há pessoas que trabalham com eles ensinando o português e informática, mas isso ainda é muito pouco dada as necessidades que eles realmente tem, o que resolveria, seria uma empresa que os contratasse e os tratasse com respeito. Ele lembrou a grife que o Bono (U2) fez com roupas de empresas que praticam procedimentos éticos em toda a escala de produção.
Lembrei do JR Woodward, ele tem ido ao Quênia de forma mais frequênte em nome de um consórcio de várias igrejas dos Estados Unidos, as primeiras visitas foram de assistência levando comida e assistência médica aos locais, em sua última visita, ele retornou com um fundo de fomento formado pelas igrejas oferecendo empréstimos a juros baixos e consultoria para o início de algumas empresas para impulsionar de alguma forma a economia da região.
Não é a solução, mas um passo, quem sabe consigamos mais comunidades com essa preocupação de seguir a Jesus em tudo o que faça, quem sabe tenhamos não somente uma conscientização maior, mas uma ação prática até ao ponto de levantar fundos e dar oportunidades a quem é sobrecarrecado por esse mercado. Não é uma saída, mas um passo de obediência e fé.
Tag - Obediência; fundos de fomento; empresa responsável
Marcadores: Igreja Emergente, Missão
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Muito bom o post! Excelente assunto.
Recentemente, tenho pensado muito, por exemplo, em como os cristãos podem influenciar positivamente a formação de crianças e adolescentes em fase escolar, oferecendo mais que palavras de incentivo, mas estruturas que garantam de forma acessível a população do bairro ensino relevante para impactar estas crianças principalmente a longo prazo.
Show!
Seloti disse...
9:19 AM
Luis,
Essa me parece uma das possibilidades reais de enfrentar de dentro o sistema capitalista naquilo que ele tem de mais odioso, que é um tipo de exploração que não respeita os limites éticos dos direitos humanos fundamentais. Por outro lado, o consumo ético e o investimento ético pode nos levar a uma consciência tranquila em relação ao sistema capitalista mas não nos enganemos, precisamos de uma alternativa. A lógica capitalista já se provou excludente e promotora dos valores mais mesquinhos e particularistas que o ser humano é capaz de cultivar. Condenar o sistema econômico mundial indo pras ruas e condenando-o por meio de declarações e propostas é mais do nunca necessário e urgente. O Espírito de Cristo não é nunca de acomodação seja a qualquer sistema, é preciso condenar o que ele tem de aviltante aos valores do Reino e denunciar profeticamente o mal estrutural. É preciso antecipar a emergência do Reino com um novo estilo de vida. Dá pra começar com o consumo ético e o investimento ético. Mas parar por aí, não é praticar a possibilidade da utopia mas a capitulação da utopia. Já não é mais utopia.
Abraços,
Anônimo disse...
10:56 AM
Obrigado pelos comentários, Alexandre, isso me lembra Bill Hybels falando que a igreja funcionalmente bíblica é a esperança desse mundo, e é por aí que as comunidades vão começar a fazer diferença.
Flávio, respeito sua ideologia, mas não concordo. Sua leitura de evangelho parece bastante influenciada por ela. Penso que Jesus já vivia em um sistema político tão opressor, que se protestar desse alguma solução a gente teria esse testemunho no evangelho. Jesus sempre agiu muito acima do que os publicanos (direita) e zelotes (esquerda) clamavam. Sua solução era a renovação de mentes e corações que se tornam generosos a ponto de dividir a própria vida, a partir daí, a ação do homem renovado por sua presença vai fazer muito mais que os protestos pensam em fazer, conforme já afirmei em meu post.
Não espero que você concorde, mas que aceite esta outra opinião.
Abraços
Luis F. Batista disse...
3:45 PM